Contrastes
Hoje não era dia/noite de escrever post. Voltei pra casa com o firme propósito de passar na locadora e continuar com minha retrospectiva de Fellini.
Mas, pra variar, com os pensamentos nas nuvens, simplesmente esqueci de entrar a esquerda no trevo de Jarinú e, quando dei por mim, estava abrindo o portão de casa.
O que restou? A preguiça de voltar quatro quilômetros até a cidade. Então, vamos assistir ao último debate dos senhores presidenciáveis.
Vi o primeiro bloco. Ilustres eleitores, indecisos, segundo a produção do programa, fazendo perguntas gerais sobre educação, saúde, previdência e saneamento básico. Um minuto e vinte segundos, cronometrados, para o candidato da vez, quarenta segundos para a réplica do oponente, mais um minuto para a trépila, e vamos para a próxima.
O que se viu? Um monte de números. Cifras, percentuais, etc, que não sei como os comuns dos mortais tem condição de guardar na memória, mas nossos super-candidatos desfiam sem o maior constrangimento. Alguém aí vai conferir e contestar? Nada de concreto, de proposta, de futuro. Só generalidades e, tudo é prioridade. Dizer quem vai ganhar e quem vai perder para atender as prioridades, nem pensar. Felizmente, fim do primeiro bloco e, vamos para os intervalos.
Como não consigo assistir intervalo comercial, tendo a posse do controle remoto, dei uma zapeada.
Três canais depois, eis que aparece a figura do patrono desse blog, Valter Franco. Estava numa entrevista com o Prof.. Pasquale Neto, aquele do programa Nossa Língua Portuguesa da TV Cultura, dessa vez num programa do Canal Educação (só via parabólica).
Aí sim, coisas importantes começaram a acontecer. Primeiro, fiquei sabendo que o título desse blog, que é também de uma canção do referido autor, foi inspirado quando o dito cujo presenciou a implosão do edifício Mendes Caldeira em São Paulo, nos idos de 74-75. Após os cerca de cinco segundos que durou a implosão, veio a mente do poeta minimalista a frase “Apesar de tudo, muito leve”. Quer outra frase síntese que virou música: “O sorriso do cachorro tá no rabo”.
Depois, falando sobre o momento atual, a afirmação que as pessoas estão olhando para baixo e para o traseiro, em vez de pensar com a razão e o coração, isso mesmo, os dois juntos. Tudo num clima calmo, sem cronômetro. Poucas pessoas vão entender o que vou dizer, mas entrevistado e entrevistador estavam jogando Frescoból, enquanto que na Globo se desenrolava uma partida de Tênis. Quem quiser esclarecimentos sobre, leia esse texto aqui, do Rubem Alves. É outro contexto, mas também se aplica aqui.