quinta-feira, outubro 05, 2006

The day after

Mora na Filosofia
(Monsueto Menezes – Arnaldo Passos)

Eu vou lhe dar a decisão
Botei na balança
Você não pesou
Botei na peneira
Você não passou
Mora na filosofia
Pra que rimar
Amor e dor

Se seu corpo ficasse marcado
Por lábios ou mãos carinhosas
Eu saberia, ora vai mulher,
A quantos você pertencia
Não vou me preocupar em ver
Seu caso não é de ver pra crer
Tá na cara

Bom, amigos leitores, depois do Tsunami que varreu este blog ontem, vamos voltando a nossa programação normal.
Hoje fiquei com a música acima na cabeça. Cantávamos, junto com Caetano Veloso, no disco ‘Transa’, eu, Gal, Mongo, Dani e Contente, em geral a bordo do fusca da dona Adélia, minha progenitora, nos idos de 78-79, entre alegres viagens de férias e/ou etílicas, enquanto cursávamos o Curso de Geocências na USP.
Éramos conhecidos como Grupo Foda-se. Por dois motivos. Primeiro porque nosso bólido tinha a placa FO-1968, ou seja, conforme fazíamos questão de divulgar, ‘1968 foi um ano FOda’.
A alcunha pegou de vez quando, no meio do nosso curso, a escola como um todo entra em greve por melhores condições de ensino. A ditadura, e seu modelo estatal, estavam nos estertores, e as verbas começavam a faltar. Excursões didáticas estavam sendo cortadas ou reduzidas, professores titulares sendo substituídos por mestres inexpressivos e sem preparo, verbas para pesquisa minguando. Resolvemos enfrentar a situação e entramos em greve geral.
Depois de um mês de greve, sem nenhuma perspectiva de solução, afinal, quem dá bola pra estudantes em greve, numa assembléia geral, começam as dissidências. Aí o colega Gal, uma das melhores cabeças que já conheci, pede a palavra e, calmamente, cofiando a vasta cabeleira que lhe valeu o apelido, diz algo como: ‘Colegas, se entramos num movimento que consideramos justo e, cientes das dificuldades em vermos atendidas nossas reinvidicações, agora que a água começa a bater na nossa bunda, com a perspectiva de vermos o semestre perdido por faltas, vamos arregar e começar a querer negociar a rendição e reposição de aulas. Desculpem-me, caros colegas, mas FODA-SE! Não se consegue uma vitória sem pagar seu preço.’
Lógico que seus comparsas de grupo começaram a puxar uma claque, logo acompanhada pela maioria da estudantada. E continuamos em greve, não sei por mais quanto tempo.
O suficiente para toda a escola levar pau coletivo naquele semestre mas, FODA-SE, algumas reinvidicações foram atendidas, e a direção começou a tratar com mais respeito aquele grupo de ‘delinquentes juvenis’.

P.S.1: Quando o presente se apresenta asfixiante, e o futuro sombrio, vale uma viagem
A um passado mais luminoso para ‘repor as energias e recarregar as baterias’.
P.S.2: Post dedicado ao Valter e a Rosana, pela força. E ao Mongo, in memóriam, porque achou que era um pássaro e tentou voar, sem asas.

2 Comments:

At outubro 05, 2006 10:01 PM, Blogger valter ferraz disse...

Wilson, obrigado pela dedicatória. Tempos duros aqueles. Mas tirávamos de letra. O futuro era possível. O Mongo se foi?

 
At outubro 05, 2006 10:35 PM, Blogger wilson falchi disse...

sim. aos 26 aninhos.

 

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