sábado, outubro 28, 2006

Contrastes

Hoje não era dia/noite de escrever post. Voltei pra casa com o firme propósito de passar na locadora e continuar com minha retrospectiva de Fellini.
Mas, pra variar, com os pensamentos nas nuvens, simplesmente esqueci de entrar a esquerda no trevo de Jarinú e, quando dei por mim, estava abrindo o portão de casa.
O que restou? A preguiça de voltar quatro quilômetros até a cidade. Então, vamos assistir ao último debate dos senhores presidenciáveis.
Vi o primeiro bloco. Ilustres eleitores, indecisos, segundo a produção do programa, fazendo perguntas gerais sobre educação, saúde, previdência e saneamento básico. Um minuto e vinte segundos, cronometrados, para o candidato da vez, quarenta segundos para a réplica do oponente, mais um minuto para a trépila, e vamos para a próxima.
O que se viu? Um monte de números. Cifras, percentuais, etc, que não sei como os comuns dos mortais tem condição de guardar na memória, mas nossos super-candidatos desfiam sem o maior constrangimento. Alguém aí vai conferir e contestar? Nada de concreto, de proposta, de futuro. Só generalidades e, tudo é prioridade. Dizer quem vai ganhar e quem vai perder para atender as prioridades, nem pensar. Felizmente, fim do primeiro bloco e, vamos para os intervalos.
Como não consigo assistir intervalo comercial, tendo a posse do controle remoto, dei uma zapeada.
Três canais depois, eis que aparece a figura do patrono desse blog, Valter Franco. Estava numa entrevista com o Prof.. Pasquale Neto, aquele do programa Nossa Língua Portuguesa da TV Cultura, dessa vez num programa do Canal Educação (só via parabólica).
Aí sim, coisas importantes começaram a acontecer. Primeiro, fiquei sabendo que o título desse blog, que é também de uma canção do referido autor, foi inspirado quando o dito cujo presenciou a implosão do edifício Mendes Caldeira em São Paulo, nos idos de 74-75. Após os cerca de cinco segundos que durou a implosão, veio a mente do poeta minimalista a frase “Apesar de tudo, muito leve”. Quer outra frase síntese que virou música: “O sorriso do cachorro tá no rabo”.
Depois, falando sobre o momento atual, a afirmação que as pessoas estão olhando para baixo e para o traseiro, em vez de pensar com a razão e o coração, isso mesmo, os dois juntos. Tudo num clima calmo, sem cronômetro. Poucas pessoas vão entender o que vou dizer, mas entrevistado e entrevistador estavam jogando Frescoból, enquanto que na Globo se desenrolava uma partida de Tênis. Quem quiser esclarecimentos sobre, leia esse texto aqui, do Rubem Alves. É outro contexto, mas também se aplica aqui.

5 Comments:

At outubro 28, 2006 8:17 AM, Anonymous Anônimo disse...

Viu como a minha teoria de que nada acontece por acaso está correta? fellini é bom, sem dúvidas porém às vezes é bom descobrir certas coisas mais prosaicas, não?
Humm, Valter Franco? Bom com certeza e o prof.Ruben Alves tb faz parte do meu acervo, tenho-o linkado lá no livros.
Grande abraço

 
At outubro 28, 2006 4:53 PM, Anonymous Anônimo disse...

AH! fui ler Ruben Alves: na mosca, o texto que vc linkou diz tudo mesmo. O debate é puroi jôgo de tênis. Um perverso e destrutivo jôgo de tênis onde sempre jogam para o outro errar, sempre mandando um com veneno, outra com efeito, aquela cortada irrespondível(vixe, agora atravessei a língua, mas vc entendeu, né?) E no perverso jôgo de tênis, todos perdem. O adversário que já está pensando na próxima pergunta que fará para o outro não responder e o público que não tem como atestar a veracidade da afirmação. Só quem ganha é a emissora patrocinadora do evento, em pontos no ibope e nos objetivos não declarados é claro.
Abraço e bom voto para você

 
At novembro 01, 2006 1:30 PM, Blogger pecus bilis disse...

Não se pode dizer que o debate não tenha sido felliniano, na acepção de grotesco que se dá ao termo.

 
At novembro 02, 2006 1:56 PM, Anonymous Anônimo disse...

Pecus, o grotesco de Fellini, apesar de pálpavel e intencional, passa longe da nossa política.

 
At novembro 02, 2006 1:57 PM, Anonymous Anônimo disse...

Pecus, o grotesco de Fellini, apesar de pálpavel e intencional, passa longe da nossa política.

 

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