quinta-feira, fevereiro 04, 2016

pra que serve tudo isso

OK! temos um blog, mas não usamos com frequencia. Entao pra que ele serve? Óbvio, pra dizermos o que interessa. Então hoje entrei pra dizer.... o que? Nothing... to do nothing.... to say nothinhg. Ah! e beleza alguem vai ler e... nothing, to do nothing, to say nothing....

sexta-feira, setembro 04, 2015

summertime

Hoje verifiquei que faz quase um ano da última postagem.
Zero comments. Mas não faz mal. Normal.
Hoje queria postar a emoção, mais uma vez, de ouvir Summertime com Janis Joplin. Existem N versões, mas a primeira que ouvi foi essa e é a que marcou. A composição de George Gerswhin tem outra gravação linda de Ella.

quarta-feira, setembro 10, 2014

O que significa tudo isso

O que significa tudo isso?

     Veja o filme "O Nome Próprio". Significa a escrita como forma de terapia. Mas pensemos em tempos passados. Poderia a escrita servir como tal? Não. Com certeza porque, em épocas passadas, o que se escrevia não se prestava a uma fruição on-line. Não seria alguma coisa que deveria passar pelo crivo de vários filtros, pessoas, que diriam: isso vale a pena; isso é merda; isso precisa ser "REVISADO".
   Hoje, revisamos alguma coisa? Não,escrevemos  num impulso. Revisamos,  no máximo, a ortografia auxilados pelo softwuare.
    Portanto, por hoje, paro por aqui. Mas prometo continuar num próximo momento.
    Na verdade, nada vale a pena, independente da alma ser pequena ou não.
    Constatação tardia: nossos antepassados sempre procuraram nos deixar um mundo melhor, para seus filhos, ao menos.  Pela primeira vez corremos o risco de deixarmos um mundo pior para nossa prole. Ou não?

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Para André

Você pensou que tinha se livrado do meu cartão de fim de ano. Tudo bem, se livrou. Mas não vai escapar das minhas palavras por ocasião do seu 21. aniversário. Ainda mais agora que não estou blogando, você vai ter que agüentar toda minha verve acumulada de pseudo-escritor.

Como todo pai, que deveria se prezar, estaria a lhe tascar conselhos, nessa sua entrada na maturidade. Mas você sabe o quão errático é esse seu progenitor, então vou apenas falar sobre algumas coisas que, gostaria, você pensasse.

Primeiro: seja independente. Não apenas financeiramente, o que já é importante. Mas, principalmente, intelectualmente. Tenha idéias próprias. Mas idéias próprias não brotam do limbo. Para elas aparecerem precisamos estar atentos, interessados e informados sobre as idéias dos outros. Mas nunca aceite passivamente, sem questionar, tudo que lhe dizem. Se dê o direito de discordar, pleitear, agir contra e, errar. Nada melhor do que aprender com os próprios erros. Muito melhor que com o acerto dos outros.

Segundo: siga seu coração. A razão é ótima companheira, mas para o dia a dia. Existem momentos em que ela não é suficiente. Nos deixa em becos sem saída. Aí, apele para seus instintos (inconsciente?), dos mais baixos aos mais elevados, eles é que estão reclamando passagem. Ouça-os e, como diz a filosofia Pagodiniana, deixe a vida lhe levar.

Terceiro: Pense grande. A ética, a honestidade, o caráter, etc, etc, não são apenas para a família próxima. Valem para o mundo das pessoas todas, dos animais, da natureza em geral . Muitos corruptos, tiranos e ladrões, podem ser ótimos esposos/esposas e boníssimos pais/mães de família. Mas e daí? Tornam o mundo melhor? Você gostou do filme ‘Efeito Borboleta’, não foi? Eu não consegui assistir. Não me prendeu. Mas se entendi a mensagem que você disse que ele tinha, significa que o bater de asas de uma borboleta no hemisfério sul pode ter conseqüências diversas no hemisfério norte e vice-versa. Acho que é isso, não? Bom, metafísicas, que não é o meu forte, à parte, a idéia em si é boa. Pense que todas as suas ações são importantes, podem causar mudanças, boas ou más. Então, agir é sempre melhor que se omitir, falar é melhor que calar.

Era para ter apenas três, ahm, conselhos, embora tentasse disfarçar lá em cima. Mas acho que se você seguir tudo isso que eu disse até aqui, que nada mais é que o exercício do livre arbítrio, vai precisar de um último: não reclame, nunca, da vida. Tudo foi fruto das suas escolhas.

Feliz Aniversário, envelheço na cidade (IRA).

Beijão!

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Bar Piratininga (final)

Nota Explicativa: Quando cliquei para públicar a postagem anterior o Firefox informou que não conseguiu conexão com o blogger. Fui conferir e vi que, realmente, o post não estava lá. Como estou de férias, estou mais relapso ainda com esse bloguinho e, só hoje, percebi que o post apareceu. Estou desculpado pela demora, Valter e Luz? Então, segue o enterro...que o defunto já está fedendo.

Todos dizem que devemos ser autênticos. Mas muitas vezes somos como ‘Capitú’, aquela do olhar dissimulado. Devo assumir que penso grande. O modelito comportado, que tento fazer servir em mim, não me cabe, não me satisfaz. Servia até antes da separação. Mas já incomodava. A Senhorita B parecia ser uma resposta ao que incomodava, mas apenas se transformou num outro tipo de incomodo.

No livro ‘Coiote” do Roberto Freire o personagem André, quando interpelado porque ele amava, sim, era esse o termo, tantas mulheres, ele dizia que era porque cada uma delas satisfazia um pedaço do seu ser. Eu sinto isso? Não existe uma única pessoa que possa nos fazer sentir a plenitude da vida? A não ser que você rebaixe sua expectativa. Caso contrário, todas as pessoas tem suas belezas. Cada uma é única, mas ninguém nos completa totalmente. Mas todas são maravilhosas. Quando depositamos todos os nossos desejos, todos nossos ensejos de felicidade numa única, vamos nos decepcionar?

Pra mim não existe só sexo, sem amor. Se perguntarmos pra Danuza, se foi só sexo o que ela teve com ‘o homem’, tenho certeza que ela dirá que não. O problema é que existem pessoas muito diferentes de você, ou você é muito diferente da maioria das pessoas.

Existem pessoas ordinárias e outras extraordinárias (Raskolnikov em ‘Crime e Castigo’). Não ordinárias no sentido pejorativo, mas pessoas que se sujeitam às regras e outras que querem quebrar as regras.

Acho, putz quanto achismo, que superei o risco da depressão. O meu indicador são as coisas que me tocam profundamente, como as artes. Enquanto puder me maravilhar, me emocionar, com um filme, um quadro e, principalmente, com uma música, estou a salvo e estou vivo. Enquanto sentir prazer em estar com pessoas, enquanto estiver inquieto, insatisfeito que seja, mas procurando. A procura pode ser mais interessante, o caminho pode ser melhor que a chegada, os preparativos, as preliminares melhor que o gozo. “Caminhante, não há caminho. O caminho se faz ao caminhar”. Não me atrevo a citar em espanhol.

A contemporaneidade, o subjetivismo da modernidade. É o hoje não o amanhã, afinal o drama da sobrevivência foi superado para uma parte da humanidade. O problema é o consumismo que pode levar o planeta a exaustão. O homem moderno precisa entender que a vida simples pode estar garantida. Ao passo que a acumulação pode causar uma catástrofe inimaginável. O desejo da posse, numa sociedade que tem todos os instrumentos para prover o básico, só leva ao retrógrado e a auto-destruição. Mas, sem desespero. ‘Manéra a barra, na marra’.

Já que entrei pro lado da sociologia, gostaria de falar de uma diferença que venho notando ultimamente.

Os anos 60-70 procuravam explicar o homem, e seus conflitos, por critérios coletivos. Então as teorias focavam os comportamentos humanos como resultado do meio social. As angústias e frustrações eram frutos de sistemas políticos opressivos, injustos, ditatoriais. Era o reino de Marx e Engels, das ideologias, da guerra fria entre capitalismo e comunismo.

Atualmente, tenho lido e ouvido falar de idéias, digamos, mais antropológicas, que procuram explicar comportamentos individuais, como, por exemplo, homem e mulher. Deixa explicar melhor. Hoje a preocupação é tentar entender as diferenças antropológicas homem X mulher. Por exemplo, e que puta exemplo de sociologia rasteira, essa semana, zapeando a tv, vi no programa da Hebe Camargo a Marília Gabriela, sempre linda, dizer que: ‘Coitados, os homens são galinhas! Eles tem aquele instinto reprodutor ancestral, que faz com que tentem COBRIR (sic) o maior número de fêmeas possível, enquanto a mulher quer um macho único para protege-la e a sua prole’. Incrível, não! Mas ela, na sua maravilhosa inteligência, disse isso não com rancor, mas aceitando isso como um fato, nem bom nem ruim.

Seria ela uma protomutante? Outra coisa moderna essa do protomutante (vide Roberto Freire). Se a teoria da evolução de Darwin é aceita como valida, e quase universal, exceto alguns vilarejos americanos, porque ela não estaria agindo, ainda hoje e continuamente, sobre o seu mentor intelectual, o ser humano?

Nossa, quanto papo cabeça tá rolando aqui na mesa ao lado!

Só pra finalizar, por hoje: três filmes ótimos que assisti sozinho nos últimos anos:

Adeus Lenin, O Declínio do Império Americano (revival) e As invasões Bárbaras. Porque sózinho? Porque achei que minha companheira não iria gostar deles e aí, pra compensar, teria que assistir a algum blockbuster de hollywood. Se bem que ainda quero ver o último do Supermam.

quinta-feira, dezembro 14, 2006

Bar Piratininga (I)

Hoje, depois de uma noite mal dormida, da dificuldade em levantar pela manhã, resolvi que não queria voltar para Jarinú à noite. Que diabos! Precisava aproveitar a vantagem de morar sozinho, de poder fazer o que quiser, ou pelo menos o que a pouca grana permitir. Botei uma muda de roupa na mala e fui pro trabalho. No caminho pensava no que fazer.

Logo me veio a mente o Piratininga. Dentre as muitas vantagens desse bar estava a dele ser neutro, em termos de memória afetiva. Afinal aqui passei bons momentos com a Senhorita A e, talvez, não tão bons com a Senhorita B.

Pra evitar aquela imagem dantesca de um cara sozinho, meia-idade(?), sentado numa mesa, com visão privilegiada da entrada, com um guardanapo preso ao pescoço, aquela cara de ‘fome’, boca ligeiramente aberta com a língua saindo pra fora, a lamber os beiços, por onde um fio de baba tentava escorrer; a faca na mão direita e o garfo na esquerda, ambos levantados em posição de ataque, esperando a primeira incauta a adentrar o recinto. Pra evitar isso é que prefiro estar aqui, discretamente, a escrever.

Outra hipótese: sentar numa mesa lá fora. Isso porque, conforme o mestre nesses assuntos Xico de Sá, levaria vantagem para o caso do bar ser o destino daquela donzela que brigou com o marido, ou namorado, e resolveu sair e DAR pro primeiro que encontrasse. Ainda assim, teria a concorrência, desleal, do manobrista.

Mas aqui estou eu ouvindo, num volume civilizado, Caetano, podendo até pescar algumas palavras da mesa ao lado.

Antes de vir pra cá, dando um tempo a espera da melhora no transito de Sampa, parei num posto pra comer alguma coisa, e fiquei folheando o livro de memórias da Danuza Leão. Acabei adorando a história com que ela finalizou o livro.

Conta ela que não sabia como terminar suas memórias, e resolveu buscar inspiração numa ‘esticadinha’ em, nada mais nada menos que, Paris. Quem foi rainha, nunca perde a majestade. Na sua primeira noite lá, com insônia, coitada parece eu, resolve vestir jeans, camiseta e tênis, e ir até um bar pra tomar um drink. Tudo muito chique, como vemos. Na volta, já quase duas da manhã, é abordada por um homem, segundo ela, ‘nem jovem nem velho, nem bonito nem feio, apenas um homem’. Que a convidou para um drink, depois de dizer que ela era ‘trés bélle’. Claro que ela recusou, educadamente, e entrou no hotel. Ao chegar no quarto, em seguida, toca a campainha. Era o mesmo homem. Dizia estar hospedado no mesmo hotel, quarto 62. Enfatizou que ambos estavam sozinhos. Por que ela não ia até seu quarto? Claro que, novamente, ela recusou, já não tão educadamente.

Mas, passado algum tempo, pediu uma ligação para o quarto 62 e, avisou: ‘estou subindo’. Não sem antes trocar o tênis por uma sandália de salto. Esse detalhe, achei maravilhoso.

Ao amanhecer quando acordou, como ocorre nos melhores filmes, ela nota que ele já tinha ido embora. Ela ficou até sem saber seu nome. Acho que a noite foi boa.

Bom, quem já escreveu de forma criativa, alguma vez na vida, sabe que o escritor, até mesmo nas memórias, pode não resistir a tentação de fantasiar um pouco.

Mas os detalhes podem não importar, quando se tenta relatar uma experiência intensa. E, acho, foi isso que ela nos quis passar, ao explicar os motivos de sua atitude. Simplesmente não pensou. Se deixou levar pelos acontecimentos.

Uma coisa que ela disse achei interessante, o desejo de um homem pode despertar o desejo na mulher. Em suas palavras: “a mulher prefere ser desejada, mais do que ser amada”.

Aí, me lembro da Senhorita A. Foi ela que me contou da situação de se sentir olhada como se o cara estivesse de garfo e faca na mão, que aproveitei no inicio. Ao que acrescentou que nunca sentiu essa sensação comigo.

Gozado, já a Senhorita B, não gostava do jeito que eu olhava para 'as outras'. Será que, pra ela, eu olhava de um modo diferente?

Duas ex-namoradas preferiram ser apenas amigas. Uma outra disse que, mesmo casada, com a certidão de casamento pendurada na cabeceira da cama, ainda assim não se achava capaz de fazer sexo... comigo? Não disse comigo, mas fiquei nas conjecturas, ora pois!

Realmente, RRRRRealmente, como dizia Chacrinha, sempre tive dificuldade, acho que por medo do ridículo, de mostrar os meus desejos. Será que ainda não é tarde pra aprender?

Mas, voltando à Danuza, ela teve uma coisa que tem me intrigado. Chamo, poéticamente, de ‘amor fátuo’. Mas tegiverso, tegiverso!

Porque estou aqui hoje? Como quero encaminhar minha vida daqui pra frente? Porque cheguei nessa encruzilhada?

Estava hoje lembrando dos sábados na antiga casa. O dia começava cedo, junto com a Senhorita A, que tinha que ir trabalhar. Com os filhos ainda dormindo, ia ao supermercado, açougue, cuidar do abastecimento da casa. Depois as tarefas de jardinajem: cortar grama, arrancar o mato, podar as plantas, etc. Depois lavar o carro. No fim do dia, exausto, fazer uma caipirinha de vodka, por um CD pra ouvir nas caixas externas, e sentar pra contemplar o jardim bonito e brincar um pouco com a cachorra, enquanto esperava o retorno da Senhorita A, pra gente decidir onde iria jantar. Ela se arrumava, se pintava, ficava mais bonita e saiamos.

Às vezes era meio sem graça. O lugar não era legal, ou a conversa não fluía. Mas outras era, com se diz, ‘tudo de bom’.

Me lembro do restaurante, perto do Juventus, onde estávamos com a filha e a sobrinha, pois o filho já estava se entocando, não sei se por causa do computador, ou se já era o problema da acne. Mas estávamos falando pras gurias sobre como achávamos que devia ser um relacionamento, acho que usando nós como exemplo. Até que num momento, a filha disse:” Pai, mãe, é por isso que amo vocês”. Pena que não gravei a cena, ou melhor, gravei onde ela não pode ser apagada, na memória.

Parêntesis: começou a música ao vivo! Um standard de jazz. Esse bar é ótimo. É difícil escrever ouvindo essa música. A música é uma viagem dos sentidos. Fecha parêntesis.

(Continua amanhã)

quarta-feira, novembro 29, 2006

Casal neuras

Conforme ameaçei ontém, estava pra terminar um post sério. Então, vai:

Era uma vez um casal (homem e mulher, explicação necessária nesses tempos modernos) que se amava muito mas, por esses desígnios do destino, também brigavam idem.
- Brocha!
Nesse dia parece que a coisa tava quente. Ele respondeu na lata:
- Gorda!
Como era de se esperar, a provocação surtiu efeito devastador. Ele já tinha ouvido falar que era a pior ofensa pra uma mulher.
- O QUÊ!? Isso é uma mentira! Eu na sou gorda. Com um metro e sessenta e dois e 51 kilos, estou perto do limite do IMC pra ser modelo, fique sabendo.
- Bom, pensei que estivéssemos disputando quem falava a maior mentira.
- Mas o que eu disse não é mentira. Você, as vezes, brocha.
- AH! As vezes. Agora melhorou. Então, digamos, que você apenas está com uma barriguinha saliente. Tá comendo muito doce, né não?
- Tá controlando o que eu como ou deixo de comer, é? E você brochou ontem.
- Ontem não vale. Eu falei que tava cansado e preocupado. Você que disse não ter problema. Que ia ressuscitar o lazarento.
- Ontem nem Cristo dava jeito nisso aí.
Riram, ao perceber que a coisa estava se encaminhando para um bom final. Nem sempre isso acontecia.
- Mas hoje, agora que consegui resolver aquele problema no serviço, acho que dá jogo.
- Ah bom, que dois dias seguidos dá justa causa. Então? Vamos?
- Vamos, mas posso pedir um favor?
- Desembucha vai.
- Hoje você não vai por cima, assim disfarça melhor a barriguinha.
- Seu f#@%*((*((
E viveram felizes para sempre... até a próxima crise.

terça-feira, novembro 28, 2006

Te cuida, Alex Castro!

Outro dia visitando o blog do Alex Castro, vi que ele colocou uma lista de expressões pesquisadas no Google, que tinham seu blog como primeira referência.
Aí, ontem, dando uma sapeada nas parcas visitas a esse recanto, vi que uma singela expressão me galgou às alturas olímpicas da lista Googliana. Então, nada humilde como sempre, divulgo o heróico feito, e aproveito para provocar o renomado blogueiro, colocando seu nome no título inclusive, pra testar sua onisciência e receber seu comentário consagrador. Caso contrário, não compro mais livros pelo Submarino. Agora, dá licença, que tenho um post sério pra acabar, antes do fim do ano.

quinta-feira, novembro 23, 2006

Recuerdos de mi vida

Visitando o blog da Luz, estava fazendo um comentário a esse post, quando vi que estava me estendendo em demasia. Resolvi transformar o comentário em post e convida-la a uma visita por essas plagas do Atlântico.
Houve uma época em que, de alguma forma me vi afastado de minha mãe, também. Não da mesma forma drástica. Digamos que apenas, durante o dia. Isso porque, meu pai, que sofria de fortes dores na coluna, teve diagnosticado pelo médico um problema que era agravado pelo serviço pesado que ele fazia. Ele dirigia um caminhão que prestava serviço para a gloriosa São Paulo Alpargatas Têxtil, que hoje muita gente não deve saber, mas é a fabricante das sandálias Havaianas, dos tênis Topper, e da extinta linha U.S.Top de jeans e camisas (“Bonita camisa, Fernandinho!”), dentre outros produtos. Seu serviço consistia em abastecer de suprimentos as diversas fábricas existentes, a maioria no bairro da Mooca. E, muitas vezes, era obrigado a fazer força para arrumar a carga no caminhão. E isso é que foi desaconselhado pelo médico, dizendo que num esforço qualquer ele poderia ter sérios problemas lombares.
Resolveram, os velhos, juntar as economias e comprar uma adega, também na Moóca.
Prudentes como eram, minha mãe ficou tocando o novo negócio, enquanto meu pai continuava no velho, até ver no que dava.
Para cuidar dos pimpolhos, eu e minha irmã, mais ou menos da mesma idade que a Luz e seu irmão, foi convocada a já famosa Guelita.
Dessa forma passamos, mais de um ano nessa conformação de vida. Foi daí que veio todo meu amor por essa bisavó alegre e brincalhona, embora roncasse pra diabo, tanto é que passamos a dormir com as portas dos quartos fechada, pra não ouvir seu ronco no sofá da sala.
Eu, de minha parte, não posso dizer que sentia falta da minha mãe durante o dia, pelo contrário, a Guelita era muito mais condescendente com as peraltices do bisneto, como é comum nas avós. Embora sempre falasse que ia contar tudo pra minha mãe no fim do dia, isso raramente acontecia. Mas consegui perceber a falta que minha mãe sentia da presença constante dos filhos. Tanto é que foi com alívio indisfarçável que ela comunicou que iriam fechar a adega, pois não estava dando lucro.
Esse era o ponto que queria comentar no post. Mais do que os filhos, seus pais, Luz, sofreram com a separação. Deviam estar se questionando o tempo todo se a decisão tomada era a melhor. Hoje, você, nós, como pais, sabemos bem o que eles devem ter sentido com o distanciamento.
Voltando a ‘mis recuerdos’, a Guelita voltou pra casa de um de seus filhos, na famosa Jaçanã do ‘Trem das Onze’ do Adoniram Barbosa. Dona Adélia voltou a cuidar da sua casa, meu pai concordou em contratar um ajudante e, alguns anos depois tive contato com meu primeiro velório. Adivinha de quem?
Me lembro que fiquei indignado com o clima, para os meus parâmetros de marinheiro de primeira viagem, por demais ‘alegre’ do velório, que foi num domingo, na casa em Jaçanã.
Agora as coincidências temporais: naquele almoço no Montechiaro, meu filho perguntou quem era a Guelita. Informei , e fui lembrado pela minha mãe: ela também se chamava Adélia, e eu nem lembrava mais. Faleceu no dia do casamento de um neto seu, quando estava saindo para a cerimônia. Estava com vestido de festa, maquiada, coisa que nunca havia presenciado. Se sentiu mal ao entrar no carro. Retornou para a casa, se deitou, e faleceu. Como em toda sua vida, não deu trabalho a ninguém, nem mesmo para vesti-la para o enterro. Foi com roupa de festa mesmo, e maquiada. Linda!

quarta-feira, novembro 22, 2006

post 'post morten'

‘AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER DEDICO, COMO SAUDOSA LEMBRANÇA, ESTAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS’
Machado de Assis em “Memórias Póstumas de Brás Cubas”

Inicialmente, quero tranqüilizar a todos dizendo que não morri, ainda. Mas esse livro acima, principalmente seu início, me marcou profundamente. Ficou na lembrança sua leitura dos tempos de ginásio, de tal forma que se impôs uma releitura na maturidade, já livre da ditadura escolástica.
Dessas duas ocasiões, a descrição do velório, no primeiro capítulo, me chamou atenção para um aspecto, que o tempo e a imaginação desvirtuaram um pouco. Fixei na mente uma cena em que o narrador-defunto descreve a presença de várias senhoras no seu velório e as identifica como sendo seus amores passados. Achei isso o supra-sumo do romantismo, um gran-finale apoteótico. Tanto é que, alguns anos atrás, fiz uma lista dessas ‘senhoras’ as quais gostaria que comparecessem em meu velório para as derradeiras homenagens.
Hoje, ao pensar em escrever esse post, fui reler o livro e me surpreendi. Não eram várias, mas apenas uma, anônima, entre outras duas que eram parentas. Conforme descreve o narrador (ora direis, defunto): “contentem-se de saber que essa anônima, ainda que não parenta, padeceu mais do que as parentas. É verdade, padeceu mais. Não digo que se carpisse, não digo que se deixasse rolar pelo chão, convulsa. Nem o meu óbito era coisa altamente dramática... Um solteirão que expira aos sessenta e quatro anos, não parece que reúna em si todos os elementos de uma tragédia. E dado que sim, o que menos convinha a essa anônima era aparenta-lo.’’
Então, radicalizemos a idéia machadiana e, aproveitemos esses tempos de orkut, para localizar e propor uma atualização permanente de endereços entre as eleitas (ou vítimas, de acordo com o gosto) para, ao final dos tempos, podermos (já virei PJ, que chiquê!) enviar os convites para as homenagens póstumas. Tal tarefa não me parece difícil, pois que, consultando a memória, ainda não póstuma, não identifiquei quantidade superior ao total de dedos da mão esquerda de nosso ‘efelentíssimo’. Sim, é da mão esquerda, pois o e-mail que circulou com a foto de suas duas mãos, foi caluniosamente deturpado por algum ‘photoshop’ pessedebista.
Todas, no evento, que espero ‘muito menos triste do que poderia parecer’, poderão trocar figurinhas a respeito do defunto, entre mexericos, louvores, injúrias, blasfêmias e risadinhas coradas, para espanto das parentas.

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