sábado, setembro 30, 2006

Procura-se

- Oi, amigo, tudo bem! Estou te ligando porque fiquei sabendo que você vai tomar umas ‘brejas’ com a...
- É, eu estou sabendo, não me pergunte como. Mas eu queria te pedir um favor.
- Obrigado. Sabia que podia contar com você. Primeiro queria que você mandasse um abraço pra ela, se bem que aposto que ela vai declinar. Depois, queria que você perguntasse se ela podia devolver minha felicidade.
- Pois é rapaz, Eu te contei que a gente tinha se separado, né? Então, nêgo, naquela correria, aquele stress todo, você sabe como é que é. Lembrei de pegar minha escova de dentes, meu aparelho de barba, roupas, etc, mas acabei esquecendo ela.
- A felicidade, ora, sobre o quê a gente ta falando?
- Já! Já pedi de volta, mas ela diz que não ficou por lá, mas eu tenho quase certeza que sim.
- Pois é, acho que ela é que não procurou direito. Só encontrou umas roupas que estavam na lavanderia, que devolveu dois dias depois, sem lavar, numa sacola da C&A, onde estava o presente que eu tinha dado alguns dias antes. Pensei até que era o presente que ela tava devolvendo, mas esse ficou..
- Não, só dei pela falta algum tempo depois.
- Então, faz o seguinte: pede pra ela procurar no armário do banheiro, na gaveta onde ela guarda os apetrechos de depilação, ou embaixo, junto com o papel higiênico. Ou então pode estar naquele maleiro do guarda roupa, no canto, onde guardávamos as coisas velhas, para doação, sabe? Dá uma olhada na casinha do cachorro também. Quem sabe estava jogada pelo chão e ele pegou pra brincar.
- Não, acho que não. O cachorro é bem obediente, não costuma estragar as coisas que encontra pelo caminho. Meu medo é ter caído no tanque e ter ido pelo ralo. Ou alguém meio que distraidamente, sabe, ter deixado cair na privada e, sem querer claro, ter dado a descarga. Aí, fudeu!
- Você ajuda a procurar? Ótimo. Não é uma coisa muito grande. È bem da comum mesmo, que nunca fui muito exigente nesses assuntos. Sou discípulo de Sartre. As
coisas simplesmente existem, valem pelo que elas são, e não pelo que poderiam, ou gostaríamos, que viessem a ser. Mas é frágil. Não sei se agüenta muito tempo sem cuidados especiais.
- Eu sei cara, que isso é uma coisa muito pessoal, que não podemos entregar na mão
dos outros, para tomarem conta. Mas, também, só agora é que todo mundo me fala isso?
- Não, nunca tinha me acontecido antes. Bem ou mal, ela sempre vinha comigo.
Sempre junto, por perto.
- E você acha que não tenho procurado? Às vezes, andando na rua, parece que a vejo logo ali, na minha frente, balançando o rabinho. Aí apresso o passo pra chegar perto e, decepção, não era a minha, era de outro. Já pensei até em botar anúncio no jornal. Daqueles bem melodramáticos, tipo ‘criança está doente, gratifica-se bem’.
- Não, tudo bem. Se não achar aquela, providencio uma outra. E tomo mais cuidado da próxima vez, pode deixar.
- Pra você também. Abração, amigo! Lembranças à patroa, e boas brejas pra você.

2 Comments:

At outubro 01, 2006 11:55 AM, Blogger valter ferraz disse...

Ei, carinha! com quem você anda tomando tuas brejas? Peraí, a gente tinha cumbinado que ía sair, tomar umas tantas, pôr o papo em dia e agora topo com vc procurando tua felicidade, pedindo ajuda pro teu amigo aí?
Dá uma olhada de lado aí mesmo, pode que ela acabou de passar naquele ônibus alí que já se foi.
PS: olha na sola do sapato, dzveis você pisou nela e nem se deu conta, se estragou o chip, já era.
PS2: e as brejas, prá quando? não sou ciumento, não. Pode vir.

 
At outubro 02, 2006 5:05 PM, Anonymous Anônimo disse...

A felicidade, não sei, Wilson. Mas um tempinho para pedir a pensão alimentícia talvez ela encontre. Ótimo texto. Abração!

 

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