quinta-feira, setembro 07, 2006

O Voto dos Nulos

Parece que a campanha pelo voto nulo, que rola pela internet, teve força suficiente para fazer até um ministro do STF, o Marco Aurélio Mello, dar um esclarecimento sobre o assunto, conforme informa o Fernando Rodrigues no seu blog. Independente desse esclarecimento, que acho oportuno, gostaria de colocar aqui um texto do Gustavo Ioschpe, sobre o mesmo tema que, anterior ao posicionamento do ministro, pra mim deixou claro a inutilidade do voto nulo.
Enfatizando que cada um tem direito a fazer o que quiser do seu voto, devo concordar com Helio Schwartsman que diz: “Se, por temer eleger picaretas, justamente os que estão mais preocupados com a ética no Congresso deixassem de votar, teríamos uma legislatura ainda menos selecionada no que diz respeito a esse critério. Em suma, como diz o adágio popular, se ficar o bicho come, se correr o bicho pega.”

Gustavo Ioschpe
O voto dos nulos


VOCÊ SE LEMBRA da consternação nacional com o alto índice de votos brancos e nulos na última eleição? Das propostas de reforma política destinada a aplacar o descontentamento dos que votaram branco/nulo? E das eleições que foram canceladas pelo fato de mais da metade do eleitorado ter invalidado seu voto? Lembra?
Se não se lembra, não fique preocupado: é que nunca aconteceu. O voto em branco ou nulo não é uma forma de protesto, não é um grito "contra tudo isso que está aí". Por uma simples razão: ele é solenemente ignorado. E é ignorado porque quem pode fazer a reforma para mudar o sistema foi eleito através do sistema roto e, portanto, não tem lá grandes interesses de mudá-lo. Por isso não é o voto que se invalida, mas o eleitor. Quem vota branco ou nulo simplesmente some do radar político. Seu desaparecimento não será fonte de consternação nem reforma.
Pelo contrário. Quem anula o voto está, na verdade, dando um voto ao candidato líder das pesquisas. Nas eleições parlamentares isso não faz muita diferença. Mas em uma eleição majoritária de dois turnos o efeito pode ser decisivo.
Pois é de se imaginar que a maioria daquelas pessoas que decidem anular seu voto o fazem por um sentimento de revolta com a bandalheira que virou o país. São pessoas que provavelmente não votariam no atual presidente. Mas, ao anularem os votos, estão fazendo exatamente isso.
Imagine que o eleitorado consiste de cem votantes e que 41 pretendem votar no candidato A, 24, no B, 10, no C e 5, no D. Vinte pretendem anular/votar em branco/ficar em casa. Resultado: com 41 de 80 votos válidos, o candidato A se elege em primeiro turno. Se os 20 descontentes espalhassem seus votos entre os outros candidatos, teríamos segundo turno.
Aí o nulo diz: "Mas eu também não quero votar no B nem no C nem no D. Nenhum deles me representa". OK. Mas cabem três ponderações. Primeira: não existe o candidato perfeito.
Eleição não é exercício de criação do candidato ideal, mas de escolha do menos pior dentre os postulantes.
Quando uma pessoa politizada a ponto de querer usar o voto como arma de protesto o joga fora, o que ela está fazendo é reforçar o peso dos outros eleitores.
Delega-se a escolha para pessoas que talvez se importem menos.
Segunda: em uma eleição de dois turnos, não anular o voto significa comprar tempo. Vai que o seu anticandidato acaba indo para o segundo turno e nesse tempo você se convence da habilidade do sujeito? Apesar da absoluta modorra que tem sido essa campanha, mais tempo para discutir propostas e projetos é sempre positivo. E, finalmente, eleger um candidato em primeiro turno significa fortalecê-lo sobremaneira.
Aquele que quer anular seu voto por protesto ao sistema vai acabar reforçando os mandarins do sistema que rejeita. Não faz sentido
.

2 Comments:

At setembro 08, 2006 10:45 PM, Anonymous Anônimo disse...

Vc está coberto de razão mas não me decidi até hoje em votar para presidente.Eu acho que voto nulo e branco quer dizer algo sim.Conforme a porcentagem mostra que o povo não quer participar da bandalheira que se impôs.Historicamente pode ter resultado para as próximas eleições.Mas na verdade este ano o voto branco e nulo permanecerá nos índices que semrpe foi entre 15 a 25 por cento.Não passa disso.

 
At setembro 11, 2006 4:36 PM, Blogger valter ferraz disse...

Discordo em gênero, número e grau dos distintos formadores de opinião e também do proprietário deste espaço aqui. Voto nulo quer dizer algo sim e no caso presente mais ainda, tanto que fez com que um Ministro do Supremo se apressasse em esclarecer o papel de voto nulo, em branco e inválido. Acontrece que cada um faz a leitura que melhor lhe convém. No meu caso específico, não votar, nem justificsr são minhas granadas e meus molotovs. Continuo o franco atirador de sempre, peito aberto, em pé atirando para todos os lados, se me tirarem a metralhadora vou bodoque, funda e atiradeira mas não compactuo com a corja. Eu não votei nessa canalha que aí está, portanto não me vejo na obrigação de fazê-los arribar, mas deixar de atirar vou não.
Abraços perplexos procê

 

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