terça-feira, agosto 22, 2006

A Mostruosa Sombra do Ciúme

Não me considero uma pessoa ciumenta, ponto. Mas isso, que pra mim deveria ser uma qualidade, não é compartilhado pela maioria das pessoas.
Aceito conviver com pessoas ciumentas, mesmo porque, encontrar uma que não seja é difícil.
Primeiro vamos ver como é conviver com o ciúmes alheio. Já vivi casos que demonstram que, na maioria das vezes, no meu sempre, as suspeitas são injustas e criam os maiores dissabores por nada.
O simples fato de defender uma moça que estava sendo acusada de procedimentos não muito louváveis, na versão da rádio-peão, para subir na empresa, deu margem a duvidar do meu ‘tão grande interesse em defende-la’. Só podia ser porque ela era jovem, bonita e eu, claro, tinha um caso com ela. Detalhe, só conhecia a moça de vista e por uma ou duas conversas ocasionais.
Mais grave ainda, num restaurante, numa mesa de canto, conversando com a sua companhia que está à direita. De repente você é acusado de olhar pra uma outra que está em direção diametralmente oposta. Quem? Aquela, a loira. Tinha que ser uma loira. Pergunto, de forma singela, como ela poderia saber pra quem eu estava olhando, numa mesa que tinha umas quinze pessoas, se para fazer isso tinha que girar a cabeça de cento e oitenta graus. É óbvio, Mané, porque a pessoa alvo dos meus olhares impuros, até mudou de lugar para ficar mais ‘visível’. Aí não deu jeito. Teve confusão, briga, choros e... separação.
Pensei até em fazer contato com a tal senhora, porque essa já nem era novinha. Ia procura-la, contar o acontecido e pedir uma ajuda para reparar o estrago. Mas aí descobri que era uma advogada, casada, com fazenda aqui na região e, bem, achei melhor deixar pra lá, que ia arrumar mais confusão ainda. O jeito foi me virar com flores e mais alguns presentes e, claro, o desejo mútuo de voltar. Mas não foi fácil. E tudo a partir do que?
Pior quando a minha ausência de ciúmes é que cria problema. Uma vez, por volta das dez da noite, meio de semana, sou informado: “vou dar uma volta de carro”. Aonde? Sei lá, por aí. Uma hora depois, já deitado, ela chega e, sinceramente, não lembro o que falei. Se perguntei se estava tudo bem, se queria conversar, mas como não estava dormindo, devo ter falado algo que, com certeza não foi uma recriminação. Algum tempo depois comentando o caso com minha irmã, ela foi categórica em afirmar que eu devia fazer uma cena de ciúmes. Que era isso que ela estava esperando. Damm!
Outra vez, outro restaurante, descemos do carro e eu entrei enquanto ela ficou na porta brincando com nosso cachorro que tinha ido junto, mas ia ficar lá fora. Um cara sentado numa mesa externa conversa com ela. Provavelmente pedindo o telefone do cachorro. Fiz o pedido, ela entrou, almoçamos e voltamos pra casa. No meio da tarde, no meio de um cafuné, ela solta o petardo: você tem ciúmes de mim? A piscada que dei, me denunciou e, não quis mentir: não! Seco demais, né. Precisava de um complemento, algo como, veja bem, quer dizer, não, não é bem assim, depende, espera aí, vem cá. Essa foi dose. Fui criticado até pela minha cabelereira.
Será que o ciúmes é um sintoma de algo mais? Eu não me acho ciumento porque confio na outra pessoa. Confio que ela esteja comigo porque gosta, e porque a faço feliz. Não ligo que ela saia sozinha, ou em minha companhia, com uma roupa mais sensual e, numa festa, seja alvo de olhares gulosos dos demais cuecas, e invejosos das donzelas. O importante é que, no fim da noite, quando ela tirar a linda roupa sensual, serei eu o admirador único do espetáculo.
Pra mim o ciúmes só se manifesta numa situação de concorrência, em que a conquista ainda não se deu por completo, ou quando você precisa abaixar a cabeça pra passar na porta, ou seja, em algumas fases do relacionamento é até aceitável, e necessário.
Será que sentir o ciúmes do parceiro supre alguma carência do relacionamento? Por exemplo, você não é muito carinhoso, não dá muita atenção ao que ela fala, ou quando dá, discorda, etc, etc e etc, que a lista das falhas masculinas é enorme. Mas se você for ciumento, isso tudo pode ser perdoado?
No livro de memórias da Danuza Leão ela afirma que a mulher prefere ser mais desejada do que amada. Será mesmo verdade? Isso até poderia explicar alguma necessidade desse sentimento. Por favor, me acudam!
Falei do ponto de vista masculino, mas os malefícios do ciúme excessivo atinge os dois lados. Outro ponto: não creio que apenas o ciúme seja causa suficiente para uma separação, mas sua ‘monstruosa sombra’, como diz Caetano, quase sempre está presente. Só pra esclarecer.

5 Comments:

At agosto 23, 2006 8:41 AM, Blogger valter ferraz disse...

Rapaz! vc foi longe, hein? Vou deixar prá mais tarde o comentário, preciso me preparar, procurar subsídios para não falar bobagens.
Até.

 
At agosto 23, 2006 6:48 PM, Anonymous Anônimo disse...

E quando vc acha que a concorrência acabou, que a conquista está completa?
O simples fato de "estar" juntos, não dá nenhuma garantia. Hoje está bom? Amanhã poderá estar péssimo.
Sei lá né?
Um abraço

 
At agosto 23, 2006 7:22 PM, Blogger valter ferraz disse...

Wilson, após intensas buscas conseguí pinçar algumas "pérolas" como esta:• Para certas mulheres altivas e donas de si, o ciúme do homem amado pode se apresentar como maneira especial de mostrar o valor que essas mulheres possuem. (Stendhal) Devo concluir que a ausência dele(o ciúme) também deve causar certo efeitos nocivos à qualquer relacionamento, uma vez que tanto a existência como a ausência de dito componente são fruto da imaginação de quem as possue. Creio eu que a manifestação de ausência do ciúme cause mais estragos às mulheres, uma vez que elas parecem relacionar a falta dele como falta de interesse, pouco caso. Na novela das seis um personagem diz: "quem ama, confia" por esta ótica quem não ama, não confia e quem não confia não ama. Não concordo nem com uma e nem com outra dessas afirmações.
Porém, acho que sou excessão.
É acho que te deixei mais confuso do que ajudei, né?

 
At agosto 23, 2006 7:23 PM, Blogger valter ferraz disse...

Ah, em tempo: tirei a pérola daqui, ó:http://bacaninha.cidadeinternet.com.br/home/secoes/frases/ciumes_2.htm
Um abraço

 
At agosto 25, 2006 5:38 PM, Anonymous Anônimo disse...

Ih, Wilson, nessa não vou poder te ajudar. Sou muito ciumento. Coloquei um link para o "apesar de tudo..." lá no blog. Abração!

 

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