quarta-feira, junho 21, 2006

Voto nulo

Há algumas semanas atrás meu filho perguntou em quem eu iria votar esse ano. Disse que ainda não havia decidido, e mudamos de assunto. Desde então tenho pensado que desperdicei uma boa oportunidade de discutir política com ele, jovem de 20 anos. Pensei: se eu, adulto 4.8, que sempre me considerei interessado e participante, estou assim, a alguns meses da eleição, que dirá ele, com preocupações bem maiores e diversas pela frente. Já que ele é leitor assíduo dessas mal traçadas, escrevo aqui o que gostaria ter conversado.
Hoje em dia é comum ouvirmos todos dizerem que estão ‘indignados’. Eu mesmo já devo ter caído nessa armadilha. Mas indignação, sem ação, não é nada. É um discurso vazio, se a única coisa que resultar for nos vestirmos todos de branco, e sairmos em passeata pela Paulista, pedindo paz, nesses dias de PCC.
A mesma coisa seria nos engajarmos nas diversas correntes que circulam pela Internet defendendo o voto nulo, com o qual também já flertei. Já recebi uns três e-mails onde descobriram que, se a maioria dos votos forem nulos, as eleições são canceladas, e uma nova eleição, com novos candidatos é convocada. Se pararmos para pensar, isso é uma babaquice.
Primeiro: os candidatos rejeitados são impedidos de concorrer por quatro anos, segundo a corrente recebida. Mas isso então significa que, na próxima eleição, estarão todos aí novamente. Além disso, quem garante que os novos candidatos serão melhores que os atuais? Reserva é reserva e, provavelmente, vai ter o rabo preso com algum dos titulares rejeitados. Se eu acreditasse na teoria da ‘conspiração cósmica’, diria que algum setor da oposição, numa tentativa já de desespero, é que está difundindo essa idéia do voto nulo.
A alternativa não é essa. O que tem que mudar é a mentalidade nossa como eleitor. Cada vez acredito mais que cada país tem o governo que merece. Explicando melhor: a qualidade de um governo vem a reboque, e nunca na frente, da capacidade de discernimento dos eleitores. Primeiro temos que ter consciência que nós é que elegemos os governos, para o bem e para o mal. Se o governo é corrupto, nós o elegemos. Atenção, não disse que nós é que somos corruptos. Nós é que não nos preocupamos em conhecer e, principalmente, acompanhar e cobrar idoneidade de quem votamos. O Jayme, do ‘Dito Assim...’ (link a sua direita) tem mostrado qual é a melhor postura. Nas últimas semanas enviou e-mail para a câmara dos deputados, cobrando um posicionamento quanto a um assunto específico: a retirada dos outdoors que emporcalham a cidade de São Paulo. Na última semana, enviou carta ao secretário da segurança pública, criticando sua postura, considerada inadequada em depoimento na câmara, sobre o terror vivido no estado no último mês, por conta da violência do crime organizado. E tem convidado todos os leitores de seu blog a acompanharem sua atitude.
É por aí que acharemos uma saída. Isso dá trabalho, mas, infelizmente, estamos longe de uma Suécia ou uma Bélgica, em que seus eleitores podem se dar ao luxo de dizerem: não me interesso por política, sem que isso afete, pelo menos no curto prazo, suas vidas diárias. Quem diz isso, aqui, está passando um atestado de alienação, e não tem o direito, depois, de se dizer indignado. Façamos a nossa parte. Dediquemos um tempo, diário, semanal, depende de cada um, para uma escolha consciente. Vamos discutir com outras pessoas que tem idéias divergentes (santa pluralidade, Batman!). Não sejamos sectários, pois direita ou esquerda, hoje, não tem a mesma relevância. O importante são as idéias. Por falar nisso, alguém viu ou ouviu alguma por aí, ultimamente? Se sim, me avisem por favor.
Depois da eleição, acompanhemos os eleitos. Deputado, senador, governante em geral, que não mantiver seus pensamentos e ações de forma clara na internet, por exemplo, não merecem os cargos que ocupam. Se não estivermos de acordo com o que estamos acompanhando, dá trabalho, eu sei, mas vamos a cobrança no ‘e-mail a e-mail’. Quem não responder, receberá nossa resposta na próxima. É assim que tem que funcionar o menos pior dos sistemas de governo.

4 Comments:

At julho 13, 2006 12:28 AM, Blogger CrissMyAss disse...

Wilson, continuarei apoiando o voto nulo.
Mesmo que o voto nulo não anule a eleição, conforme erronea ou falsamente anunciado, ainda sobram motivos pra se votar nulo.
Aliás, AINDA BEM que não há chance de haver outra eleição, com candidatos tapa-buracos de ocasião e outro derrame de dinheiro, seja pelas campanhas, seja pelo próprio processo eleitoral, que não deve custar pouco. Seria muito pior.
O voto nulo só vai dizer aos candidatos, que eles valem todos a mesma coisa, ou seja: nada.
É uma opinião sincera e válida.
Continuarei a votar nulo enquanto o voto popular for obrigatório e enquanto o voto parlamentar for secreto.
Observe que nenhum candidado se manifesta sobre estas questões. Isso porque, direita ou esquerda, todos os políticos se beneficiam desses mecanismos anti-democráticos. Dá pra confiar neles?

 
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