quarta-feira, maio 24, 2006

Sobre cães e gatos


Essa bela cachorra aí ao lado adorava uma rua e, com a mesma intensidade, detestava gatos.
Na época do fato que vou contar, já tinha em seu currículo dois gatos abatidos.
Um deles, infelizmente, tive o desprazer de presenciar o momento em que ela o pegou. Quando tentei me aproximar pra ver o que podia fazer pra salvar o pobre bichano, fui recebido com um olhar e um rosnado, acompanhado do arreganhar dos dentes, que me fez recuar e, nos poucos momentos que tirei pra pensar em algo, foram o suficientes pra ela, apenas apertando com os dentes a garganta do bichano, deixar claro que nada mais havia a fazer. Nem um som, nem uma gota de sangue. É duro, mas tive que reconhecer, um serviço perfeito. Como era apenas um exercício de instintos primais, assim que se certificou do sucesso da empreitada, largou a presa e foi pro seu canto beber água.
Mas vamos para coisas mais amenas. Era um sábado à tarde ensolarado quando abri a porta lateral da casa, me preparando para sair e deixei que ela também desse uma saidinha pra parte da frente da casa a fim de olhar e trocar umas cheiradas com os cachorros da rua. Infelizmente não percebi que o portão não estava trancado, mas apenas encostado. Rapidamente, com o focinho, ela afastou a parte móvel e ganhou a liberdade. Como não era a primeira vez que isso acontecia, voltei pra dentro pra pegar a guia, sem a qual não conseguiria traze-la de volta. Saí, já armado de muita paciência, porque iria começar seu jogo predileto de deixar eu me aproximar, para então sair correndo, pois sabia das minhas intenções. E assim, fomos descendo a rua, eu esperando o momento que alguma coisa a distraísse o suficiente para me aproximar o bastante e colocar a guia. Andamos cerca de quatro quadras, até chegar ao fim da rua, quando, então, ela optou por virar à esquerda, e eu atrás, procurando não perder contato. Mais uma quadra e ela para em frente a um terreno onde existem umas quadras de futebol society, e ficou numa posição que me gelou. Exatamente aquela que antecede um ataque. Imobilidade absoluta, pelos eriçados, corpo ereto. Tentei chamar, mas já sabia que seria em vão. Toda sua atenção estava focada no alvo. De repente, o arranque pra dentro do terreno. Ai não teve outro jeito a não ser correr atrás.
Quando cheguei na frente do local, só deu tempo de ver ela correndo atrás do felino, que entrou numa casa que ficava a esquerda do zelador do empreendimento, que estava, com sua família, confortavelmente na sala, vendo o programa Raul Gil (lembro bem disso). Agora imaginem o susto deles vendo uma gato e um cão em tresloucada correria por entre os móveis da casa. Só deu pra ouvir uma cadeira da cozinha caindo e os gritos da mulher e de duas crianças. Felizmente o gato resolveu sair de volta pra fora e, atrás dele, ela e todo mundo da casa, tendo a frente o chefe que ao me ver parado, provavelmente com cara ‘de tacho’ como se diz na família, rangeu entre dentes: Se essa cachorra fizer alguma coisa pra minha gata, que está grávida, eu mato ela. Tentei ser prático e, em vez de desculpas, pedi que me ajudasse. Mas não há muito o que fazer quando esse bichos estão na correria, a não ser torcer para que a gata conseguisse um jeito de se esconder. E foi o que aconteceu quando ela entrou num cano, acho que de águas pluviais, que tinha o tamanho exato para gatos, mas não para a cachorra, que se postou no bocal e enfiou a cabeça e o pescoço, mas daí não passava.
Situações limite exigem que algum limite seja superado. A essa altura, já havia uma considerável platéia, formada pelos jogadores da quadra mais próxima se divertindo e esperando o próximo lance. Vi que eu era a bola da vez. Era preciso agir. Avancei para o local onde ocorria o tete-a-tete decidido a tira-la, já me preparando para uma eventual mordida, que nessas horas acho que ela não ia saber muito bem quem a estava afastando da sua caça. Me joguei em cima dela, puxando-a pelo peito e já berrando no seu ouvido um sonoro QUIETA. Quando vi que tinha sido reconhecido, agarrei-a bem firme, consegui colocar a guia e tira-la da frente do cano, sob aplausos de uns e vaias de outros na platéia. Parece que já se estava formando um balcãozinho de apostas sobre o final da estória.
Agora, quem dizia que a gata saia lá de dentro, coitada. Fui pedir desculpas pro cara, enquanto sua mulher e as crianças tentavam tirar a assustada gata de dentro do cano. Ele ainda vociferou que se perde-se a ninhada eu ia ter que pagar os prejuízos. Não sei quais seriam, mas de qualquer forma deixei meu telefone para que me procurassem caso tivessem alguma despesa em função do ocorrido. Como não tive retorno, até hoje, acho que tudo correu bem.
Todo esse post está no passado, porque, infelizmente, ela desapareceu a cerca de dois anos. Mais uma vez um portão descuidado e uma saída, dessa vez sem que ninguém percebesse. Só espero que, onde quer que esteja, esteja bem. Saudades, Ive.

6 Comments:

At maio 24, 2006 7:17 PM, Blogger valter ferraz disse...

Essa cachorra é um perigo, pelo que sei não foi só isso que ela aprontou. Mas enfim, é o amor.

 
At maio 25, 2006 11:20 AM, Blogger valter ferraz disse...

fiquei com inveja e postei um cachorrão lá no sósei, dá uma espiada lá

 
At julho 21, 2006 7:43 PM, Anonymous Anônimo disse...

Looks nice! Awesome content. Good job guys.
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At agosto 09, 2006 9:55 PM, Anonymous Anônimo disse...

Wilson, muito bom o seu blog. Parabéns! Voltarei. Quando tiver tempo, dá uma passadinha lá no meu. Abração!

 
At agosto 11, 2006 6:26 AM, Anonymous Anônimo disse...

Very pretty design! Keep up the good work. Thanks.
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At abril 03, 2008 7:03 PM, Blogger AmorCão disse...

Venho por meio desta pedir sua atenção para um questão de extrema URGÊNCIA sobre os animais que não tem raça, que já sofreram com o abandono e a má sorte de não terem tido um lar, exatamente por esse motivo - não ter raça, mas que merecem o direito a vida.
Buscando a vocês amantes dos animais em geral acreditando no respeito e sensibilidade por estes seres.... uma AJUDA EMERGENCIAL.

É UMA SITUAÇÃO COMPLETA DE DESESPERO........, saber que animais que cuidamos durante 3 anos, muitos deles já passaram por nossos cuidados e já foram bem encaminhados a novos lares, muitos recém chegados sendo preparados para uma nova chance e a metade deles idosos, que foram salvos pra ter seu final de vida com carinho.
Serem simplesmente levados para o sacrifício...

cachorrinhos que medicamos com todo carinho, qdo estavam com sarna, babiose, infecções, atropelados, com ferimentos e hoje se encontram lindos, fortes e peludos, saber que serão tiradas suas vidas, porque são somente os nossos 80 dentre tantos que existe na região que prejudicam o meio ambiente.

Só pedimos a chance de um EMPRESTIMO, DANDO NOSSO TERRENO COMO FIANÇA, logo que seja vendido, será pago.

São 80 VIDAS QUE CUIDAMOS COM TODO NOSSO AMOR E DEDICAÇÃO QUE AGORA VÃO MORRER, se não conseguirmos um outro local para leva-los.

PEDIMOS SOCORRO POR ELES.

É com muita dor no coração, que informo que no dia 31 de março, fui chamada a comparecer no Forum de Suzano pela Promotora do Meio Ambiente Dr Yolanda (Ministerio Púbico), juntamente com os Advogados Dr Emeli e a Dra Denise Valente, onde nos foi informado que deveríamos retirar os cachorros da Chácara que se encontram em Palmeiras, Suzano, no prazo máximo de 40 dias, este prazo foi acordado pelo Dr Emeli, pois a Promotora queria a retirada imediata, alegando que poderá haver danos ao meio ambiente, para quem não se recorda este processo já faz 1 ano que esta instaurado e apesar de tanta luta, recursos, laudos e liminares para permanecer no local e abrigar os animais, teremos que sair.

Mas não podemos esquecer que em Suzano exitem mais protetores com mais de 300 animais, o que nos parece muito estranho só nós termos que sair de lá pois só nossos animais causam danos ao meio ambiente.
Pois agora estamos correndo contra o tempo, teremos que retirar os animais o quanto antes, estou tentando alguma coisa com Politicos(pode ser conceção de alguma área), trocar nossa chácara por outra em outro local, amigos, desconhecidos qqer um, ou alugarmos alguma chácara.
Peço a ajuda de todos, por favor, estamos desesperadas e procurando uma saída, pois são quase 80 vidas que se não forem retiradas serão encaminhadas para o CCZ e sacrificadas.

Colocamos nossa chácara a venda mas não podemos esperar aparecer um comprador pois o prazo expira em 40 dias. Se alguém puder comprá-la para ajudar nossos animais poderíamos comprar outra chácara, nem que seja emprestado até vendermos nossa chácara.
Precisamos de ajuda pois não temos pra onde levar os animais, tudo que tínhamos foi investido nesta chácara(compra do terreno, casa do caseiro, canis, cerca, etc) e agora temos que sair com 80 cães e sem terreno e sem dinheiro.
Nós só queríamos um local para abrigar e cuidar até doar estes animais, que já sofreram o abandono e até isso nos é tirado.


Evandra
Presidente da Associação Eapaço Amigo Bicho - EAB
evandraboscolo@gmail.com (11) 8998-7899

ASSOCIAÇÃO ESPAÇO AMIGO BICHO
CNPJ 04.044.105/0001-01

Site- www.eamigobicho.org

 

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