terça-feira, abril 04, 2006

Tempos Modernos (I)

Eles estavam, ambos, próximos dos quarenta. E dos dez anos de casamento, também ambos, posto que eram casados um com o outro.
Ele estava preocupado com o relacionamento. Haviam ultrapassado a popular crise dos sete anos, e também a dos oito e a dos nove, mas...Agora os sinais eram inquietantes.
Resolveu que precisavam conversar. Escolheu o jantar mensal, sempre na primeira semana do mês, aproveitando o pagamento de ambos, antes que outras despesas imprevistas viessem a minguar o orçamento classe média da casa.
Como de costume na cantina do Bexiga, as variações previstas das massas prediletas, acompanhada do vinho popular Chianti italiano. Puxou o assunto. Não estava minimamente a vontade com a conversa, mas achava que precisava dizer o que sentia.
Olhava pra ela com muito carinho e sentia que era retribuído, mas alguma coisa incomodava. A conversa girava muito em torno dos problemas com o filho pequeno (cinco anos), as agruras do serviço de cada um, que infelizmente era na mesma área, então um virava consultor profissional do outro. Havia uma saudade do início, da paixão que sentiram e que, naturalmente, culminou na união sob os sagrados laços.
Agora parecia tudo estabilizado. Os afetos, a vida profissional, o futuro. Tudo muito previsível. A conversa avançava e ele não sabia bem aonde iria ou queria que ela chegasse. Até que ela surpreendeu com uma proposta, talvez percebendo, com a tradicional intuição feminina, o subtexto da situação. Já que ele tinha uma férias pendente e que, segundo indiretas da gerencia dele, seria um bom momento para tira-las, porque não aproveitar e tirarem também umas férias conjugais. Ele iria para a casa de campo que tinham, e ela continuaria na cidade e no seu trabalho. Mas férias conjugais, como assim? Com que objetivo? E ela foi direta: para verem o quanto ainda estavam ligados um ao outro, até que ponto ainda existia amor entre ambos ou apenas uma acomodação à situação, que era boa, mas parecia, pelo que ele dava a entender, que, bem...
O vinho fez a sua parte, e ambos se divertiram combinando que seriam férias pra valer, mais que isso, seria uma prova a que seria colocada a relação. Deveriam, ambos, ao final de um mês ter um caso. Isso, um caso completo, com pelo menos uma transa para, findo o período, voltarem ao mesmo restaurante, contarem como tinha sido, o que haviam sentido, sem pudores ou receios de julgamentos. E mais, deveriam, juntar e apresentar pro outro o maior número possível de provas, daquilo que tivesse acontecido.
E assim ficaram combinados.

2 Comments:

At abril 05, 2006 8:39 AM, Blogger valter ferraz disse...

Sei. E daí?

 
At abril 05, 2006 1:10 PM, Anonymous Anônimo disse...

aguarde o próximo capítulo.

 

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