segunda-feira, dezembro 26, 2005

Eu tô qui tô

Hoje eu resolvi cruzar Freud com Heisenberg, Tolstoi com Fitzgerald e ver no que dá.
Freud me deu uma explicação do comportamento humano. Em Freud não há certezas de espécie nenhuma. Há um irracionalismo irredutível, incivilizável, no ser humano, onde a agressão é parte irrefutável da nossa composição psíquica. Ego, Id e Superego, ele mesmo admitiu, se confundem em nossos pensamentos e ações. Sua psicanálise é o equivalente do Princípio da Incerteza de Heisenberg, no mundo das ciências naturais, que prova a imprecisão da estrutura e organização física do universo. Se contrapondo a isso, Einstein acreditava no princípio da unificação, com a famosa frase de que Deus não nos criou numa rodada de dados.
Freud é parte do anedotário da vida moderna. As terapias modernas nada tem a ver com sua visão trágica da vida. São terapias-placebo para a classe média consumista.

Deixando Freud e Heisenberg de lado, vamos para a literatura encontrar dois grandes personagens. Ana Karenina é toda sensualidade indomável e poderá ficar cansada, mas nunca saciada. Se contrapondo a Ana aristocrática, casada com Karenin, sem orgasmos, mas compensada pelo filho que produz, a estima que goza na sociedade, aliando bondade e beleza, essa Ana exemplar se desfaz na cama com Vronsky, e nada mais lhe importaria, se Vronsky não considerasse acima de tudo sua vida fora da cama, de que Ana não participa. Tolstoi faz com que se suicide. Paralelo com Dick Diver de “Suave é a noite” de Scott Fitzgerald: Edmund Wilson (“Rumo a Estação Finlândia”) queria que ele não terminasse o livro como clínico geral suburbano, mas que se depredasse em álcool e esbórnia, depois de tudo que vivênciou. Acho mais provável Ana se prostituindo, cortesã nifomaníaca, do que o fim desejado por Wilson, visto que Diver é de natureza mais amena. Se resignaria a decair como Fitzgerald imaginou. Tolstoi fez Ana se suicidar porque, apaixonado pela personagem, e tendo de cumprir a epigrafe do livro, bíblica (“A vingança é minha”), não toleraria que caísse na promiscuidade, caso em que não poderia dizer “Ana c’est moi”.

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