terça-feira, dezembro 06, 2005

Pondo a boca no trombone

Inspirado num post dela, resolvi falar sobre uma tese que tenho sobre a recuperação da escola pública.
Acredito que ela só se dará quando as pessoas que de lá fugiram, perceberem que está na hora de voltar e dar uma força. Falo da sofrida classe média-média.
Acho que sou um caso típico. Fiz todo minha vida acadêmica em escolas públicas. Quando chegou a vez dos meus filhos, encontrei uma situação de total desolação. Penumbra financeira, de material, professores altamente desvalorizados, em constante estado de greve, enfim, não dava pra encarar colocar seus filhos num ambiente conturbado como esse.
Então lá fomos nós, classe média, contornar o problema, procurando uma escola particular que coubesse no nossos parcos orçamentos. Sim porque não dava pra pensar numa escola particular de primeira linha. E da-lhe uma avalanche de escolas qualidade de fachada, literalmente, ou seja um prédio e instalações bonitas com professores sorridentes ganhando um pouco mais que na rede pública.
Mas pelo menos nossos filhos estariam a salvo dos vandalos que sobraram na rede pública, com seus traficantes rondando cada portão de saída.
Hoje penso de forma diferente. Minha experiência com escolas particulares mostrou que, no fundo, não existem grandes diferenças pedagógicas. Em compensação não existe interesse de muitas dessas escolas em estimular os pais em participar do processo educacional, e mesmo os pais preferem não ser chamados a dar uma colaboração.
Ao passo que em muitas escolas públicas se nota um esforço em melhorar, esforço que depende mais da sua direção, corpo docente e discente do que de uma efetiva política de governo.
Então tomamos uma decisão: minha filha irá estudar o nível médio na mesma escola que nós estudamos, e esperamos poder participar desse processo de recuperação da dignidade da escola pública.
Para isso precisamos estar atentos para todos o assuntos que envolvem a escola, fazer com que os sindicatos de professores, que sempre teve uma atuação política, coloque em primeiro lugar o interesse dos alunos e não utilizem as greves pra desestabilizar o governo de plantão; fazer com que as verbas destinadas cheguem efetivamente aos seus destinatários; cobrar a valorização e reciclagem dos professores, etc.
Mas se todos parecem concordar que o principal problema do país é a educação, está na hora de começarmos a fazer algo para mudar isso.

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